Marcia sempre foi uma pessoa tranquila e coerente. Em toda a sua infância e adolescência havia tido poucas aventuras, porem em compensação nunca havia tido maiores problemas. Enquanto a irmã mais jovem era cheia de paqueras e namoradinhos, ela calmamente esperou o homem da sua vida aparecer. O primeiro beijo foi já com quase 16 anos, e mais dois anos estava casada. É claro que se casou virgem. Nunca teve muitas amigas, era calada e simples.
Já tinha agora 17 anos de casada, os filhos adolescentes. Continuava casada, quieta. Não era bonita, não se vestia sensualmente. Os olhos eram um pouco afastados demais, porem os dentes eram perfeitos e brancos.Suas roupas possuíam poucos decotes e não usava muita maquiagem. Alem do marido, conversava com mais três homens, os dois irmãos e o pai. Nem sogro tinha, e a sogra não a tolerava. Achava que ela era sonsa, e cuidado com as sonsas, sempre dizia ao marido.Mas ele não se importava, conhecia bem a esposa que tinha e sabia que ela nunca seria capaz de traí-lo, pois a sua conduta era impecável.
Moravam em uma casa confortável, ampla. Os dois filhos Pedro Henrique, 15 e Marcos Victor, 13 estudavam no Colegio Militar no centro da cidade. Adolescentes calmos e tranquilos pouco trabalho davam a mãe. Vez ou outra alguma indisciplina ou discussao pequena, que com carinho Marcia contornava.
Foi assim que ela se apresentou para a entrevista de trabalho. Vestida em uma blusa de mangas compridas azul clara, uma saia godê mais escura, sapatos com salto médio. O cabelo limpo e puxado pra trás, bem tratados e brilhantes. Usava oculos para escrever e ler.
A recepção em um prédio antigo do centro, era uma sala ampla e arejada, com duas janelas largas. Havia uma mesa de madeira escura e negra, duas cadeiras no mesmo tom.Um pequeno computador, um telefone e papeis estavam dispostos sobre ela. Lembrou-se de agradecer a Deus por ter feito aquele curso de informática básica no ultimo semestre, oferecido pela igreja local que frequentava. Um sofá de espera na parede, uma mesinha ao lado com café, chá e agua. A recepcionista era jovem e atraente. Estava ao telefone. Se dirigiu a ela, e calmamente esperou que terminasse.
_ Boa tarde, disse a recepcionista, posso ajuda-la?
_ Sim, meu nome é Marcia. Sou candidata a vaga disponível, e tenho hora rio marcado.
_ Sente-se e fique a vontade. O Dr. Carlos esta em uma audiência, mas ano deve demorar. Sirva-se com café.
Sentia se muito pouco a vontade, e no intimo rezava para que ele não viesse.
Havia se candidatado a esta vaga, após o marido ser demitido. As coisas não andavam bem em casa, e resolveu ajudar. No principio o marido não gostou, mas agora 4 meses depois, não estavam tendo outras opções. A irma a indicou, dizendo que um amigo seu advogado, estava precisando de uma secretaria auxiliar, e não exigia experiências.
E então, aqui se encontrava.
Passaram se já 30 minutos e ela, paciente, continuava a esperar. Quando foi chamada a sala do Advogado estava tensa e as mãos suando.
Ao abrir a porta, se deparou com um homem que aparentava 45 anos, alto, forte. Os cabelos estavam um pouco grisalhos, porem fartos, e os olhos eram de um azul, como em dias de verão. Ao apertar a mão dele, sentiu uma corrente eléctrica pelo corpo.
- Meu Deus, pensou - o que esta acontecendo comigo?
Mas, em poucos segundos se recompôs.
Conversaram por mais de uma hora, ela fez algumas perguntas a respeito de horários do trabalho e das atividades. Explicou a ela que em algumas ocasiões precisaria que fizessem pequenas viagens e algumas reuniões em finais de semana, e que precisava de flexibilidade da parte dela.A voz era rouca e em um tom agradável.
- Muito bem Dna Marcia. O trabalho é simples, porem preciso de uma pessoa dedicada e organizada. Tera que organizar a agenda e fazer pequenas viagens. Em algumas ocasiões teremos reuniões á noite, mas o horário será recompensado. Tenho excelentes referencias sobre a Sra - explicou.
- Fico bastante feliz, respondeu, por saber disto. Não tenho experiência, porem me esforçarei para ano decepciona-lo.
Segurando em suas amos, e olhando dentro dos olhos dela ele disse:
- Tenho certeza que não me arrependerei por contrata-la.
Saiu dali contratada, para voltar já no dia seguinte, com a cabeça a mil por hora. Não sabia como explicar a si mesma porque se sentia assim, mas parece que estava flutuando. Sentia o perfume dele na sua mão, e isto a deixava tonta.
Passou o resto do dia organizando a casa, cozinhando e congelando, e fazendo lista de atividades para deixar para os filhos.
La pelas 6 da tarde o marido chegou. Estava cansado e triste. De novo não havia conseguido trabalho. Se sentiu culpada, por ter sido tão fácil a ela.
No outro dia, se levantou bem cedo, se vestiu e se dirigiu ao trabalho. Havia um misto de alegria e tristeza.
Alegria por experiementar uma nova experiência, conhecer novas pessoas, sonhar talvez em algo totalmente novo para si mesma, já que a vida toda havia se dedicado aos filhos e ao marido. Tão bom o marido. Era o único homem que havia conhecido seu corpo, porem a relação deles ultimamente andava meio morna.Talvez fossem os anos de casamento, ou a monotonia mesmo. Mas um grande amor os unia, e a cumplicidade entre eles não era abalada por nada. Confiava total e cegamente nele, e neste momento os queria ajuda-lo a superar estes tempos ruins.
A tristeza era por deixar a casa, os filhos e toda a vida que lhe era confortável e tranquila, para um mundo novo e desconhecido.
Se adaptou com facilidade as tarefas de atender aos telefones, separar os processos, e servir o café ao chefe. Em poucos dias era capaz de responder sobre quase todos os assuntos do escritório.
Com ela, trabalhava mais duas jovens. A recepcionista jovem e bonita se chamava Cinthya. Era morena, com cabelos pretos e longos, olhos negros, labioso carnudos e dentes pequenos. Lembrava uma pequena indica, porem sem a inocencia. Estava sempre com algum namorico, e costumava comentar sobre eles no hora rio do almoço. Marina era pequena, loura e elétrica. Tinha cabelos curtos, cortados a chanel, usava sempre um batom vermelho demais para os lábios finos, e estava sempre correndo de um lado para o outro. Quase não tinha tempo para o almoço, por isso ficou sabendo por Cinthya que o namorado a havia trocado por outra algumas semanas atrás. Havia também um rapaz, chamado Frank que fazia o trabalho de office-tudo, como elas o chamavam. Com 18 anos e vasta experiência na vida, muito mais que ela mesma, no alto dos seus 36 imaginava. Negro, alto e magro, vivia narrando os casos de prisoes, assassinatos e outras barbaridades da comunidade que vivia.
O escritório, alem da recepção era composto por 3 salas. A do chefe, uma onde ela e Cinthya trabalhavam, outra para reuniões, e uma pequena cozinha ao fundo.
Algumas outras pessoas circulavam pelo escritório, para limpeza e manutenção. Em poucos dias conhecia quase todos pelo primeiro nome. Procurava desempenhar suas funções com alegria e disciplina.
O chefe continuava a lhe causar certo frenesi, mas nunca ousava nem em pensar neste assunto.
Nesta manha ao sair de casa, o marido disse:
- Marcia, terei uma entrevista esta tarde.
- Que bom amor, respondeu. Espero que tudo se encaminhe, e que voce consiga se recolocar.
Na verdade, pedia isto a Deus todos os dias, pois nao aguentava mais ve-lo na penumbra que se encontrava.
Já havia duas semanas que eles nao faziam amor, pois ele sempre portava agora uma certa nostalgia. Custava a se deitar, ou dormia antes dela se ainda estivesse fazendo alguma atividade.
Ao chegar ao escritório, foi chamada imediatamente a sala do chefe.
- O que fiz de errado? - se perguntou.
Bateu na porta, e abrindo imediatamente, entrou.
- Bom dia Dna Marcia. Sente-se, por favor.
Notou que os olhos dele olhavam diretamente dentro dos seus.
- Bom dia Sr. Carlos.
- Vejo que a Sra. vem desempenhando muito bem o seu trabalho. Na verdade pensei que teria alguma dificuldade, mas me surpreendi.
Encabulada, respondeu:
- Obrigada. Me sinto muito feliz por isso.
Ele continuou:
- Estaremos fazendo algumas viagens na aproxima semana, pois teremos audiência em cidades do interior. Como a Marina esta cm muito trabalho no escritório, gostaria de saber se poderia disponibilizar-se a me acompanhar.
- Claro Dr. Estou a disposição.
Cinthya era uma jovem agradável e comunicativa. Sempre almoçavam juntas e nestes momentos foi aprendendo um pouco mais sobre como se vestir, conversar e sentir menos medo de tudo.
Hoje foram a uma loja de departamentos. Precisava comprar algumas roupas e urgente algumas peças intimas.
Escolheu pelas simples e confortáveis, de cores claras e algodão. Eram suas preferidas. Prezava a discrição e conforto.
Quando ja estavam no caixa e a amiga viu as peças, disse chocada:
- Voce so comprou para a sua mãe?
- Como assim, são para mim, ela respondeu.
- Isto aqui, e levantou as calcinhas que ela havia comprado.
Vermelha de vergonha, agarrou da mão da moça e devolveu a cesta.
Segurando em seu braço, Cinthya a levou de volta ao departamento.
- Veja que peças lindas, e foi tirando do cabide peças vermelhas, azuis, com rendas, e tamanhos mínimos.
- Isto não combina comigo - reclamou.
- Claro que combina. Como espera que seu marido reaja, se não tenta parecer interessada?
Enquanto olhava as calcinhas, foi pensando.
- Certo, Cinthya, vou tentar com um jogo destes. Porque ele certamente irá estranhar ao me ver usando isto -falou, levantando uma calcinhas de renda preta e transparente.
- Otimo, e este sutiã para levantar a sua auto-estima, rindo, e encenando um olhar sensual, colocou na cesta o complemento.
Porem ao chegar em casa, escondeu a peça na ultima gaveta, onde o marido não iria encontrar.
As reuniões e pequenas viagens eram constante.
A vida em casa, apesar da faxineira que vinha ajuda'-la duas vezes na semana, tinha sofrido pequenas alterações.
Porem os filhos eram compreensivos e procuravam ajuda-la nas tarefas fiarias.
Sempre preparava o jantar, colocava as roupas pra lavar, regava as plantas.
O marido no inicio era cooperativo, porem ultimamente estava se ausentando sempre para as refeições.
Sentia medo de perde-lo, mas nao conseguia que ele a deixasse se aproximar. E em cada dia se distanciava. Nem o cachorro estava recebendo carinho. E agora, isto tambem ela precisava fazer. Leva-lo as caminhadas.
Aceitava a situação, pois tinha certeza que, tão logo ele voltasse a trabalhar, se compartaria de forma normal.
Faria aniversario na próxima semana, e todo ano sempre ofereciam um jantar aos amigos mais intimo. Mas resolveu que iriam deixam passar em branco este ano, pois a situação financeira ano era favorável.
Ao chegar ao escritório, no dia do seu aniversario, foi recepcionada com uma surpresa.
Na pequena cozinha se encontrava as duas colegas, Frank, o chefe e tres serventes. No centro da mesa uma torta de morangos, a sua preferida e acima baloes e faixas de Happy Birthday. Cantaram parabéns e deram vivas.
Recebeu alguns presentes. Um conjunto de calcinha e sutia de Cinthya, uma blusa com decote pouco mais ousado, vermelha de Marina, brincos pequenos e discretos de Frank. Do chefe recebeu rosas e um vidro de perfume com extravagancia levemente marcante.
Passou a usar o perfume em todas as ocasiões possíveis.
Nesta tarde, em uma reunia com o chefe, sem querer as pernas de ambos se tocaram sob a mesa. Sentiu um calor subir imediatamente pelo rosto, o coração acelerou. Levantou os olhos, e ele a olhava intensamente. A química entre eles era visível e palpável.
Rapidamente ela baixou os olhos e se recompos.
Nesta tarde, foi ate uma loja comprar lentes de contato. E também aprendeu alguns truques de maquiagem com Cinthya e Marina.
Na manha seguinte, em frente ao espelho, pode ver o marido deitado na cama.
- O que acha se cortar meu cabelo? - perguntou.
Fingindo dormir, ele não respondeu.
Quando chegou ao salão de beleza, decidiu somente aparar as pontas.
Muito bom mesmo. Eu quero o primeiro exemplar.
ResponderEliminarGostei muito da Marcia.
ResponderEliminarAgora é só continuar a historia, querida. continue, continue...rsss
vo colocando o proximo capitulo ok...
ResponderEliminarcom o nr da sequencia....bjos...obrgada por ama-la.
Oi Millie,
ResponderEliminarvocê não me conhece, eu não te conheço, e acredite em mim, eu pensei muito antes de vir aqui comentar... Sinceramente, eu tenho um pouco de medo de comentar sobre o trabalho de outras pessoas... Eu também escrevo, e como você, também estou trabalhando em uma história...
Enfim...
Eu li só o primeiro capítulo (depois eu volto para ler o resto!), mas eu gostei muito da dona Márcia, dá vontade de dar um sacode nela e dizer: "Moça você está perdendo seu tempo vivendo essa vidinha morna!"
Mas então as coisas começam a acontecer, e a vida dela começa a andar... Dá um sentimento bom.
Meu problema, é que tá muito rápido. Mal da tempo de entender quem é a Márcia e então a gente entra na vida dela andando. Não dá tempo de gostar da Cinthya, ou de achar o chefe um gato, ou de sentir junto com a Márcia aquelas faíscas! Ou de sentir esse casamento broxante. - Eu detesto o marido dela! No bom sentido! ^^ É o tipo de personagem chato, mas fundamental.
Lendo, eu consigo entrar na vida dela, mas não consigo entrar na cabeça da Márcia. Esse é meu ponto, e por favor, não fique brava com o meu comentário! Como eu te disse, eu também escrevo e estou sempre procurando alguém para me mostrar as falhas na minha história... Acho que você tem uma boa personagem nas mãos, mas pode desenvolver ela um pouco mais... Fazer quem está lendo gostar da Márcia e sofrer com ela, tudo que eu imagino que ela vai sofrer...
Você não me conhece, e eu não te conheço, e é por isso que você não vai encontrar uma opinião mais imparcial do que a minha...
Enfim, depois eu vou voltar e ler a continuação.
Continue, Millie.